23/06/2011

APRESENTADORA DE TV E ATIVISTA POLITICA CONCORRE A PRESIDÊNCIA DO EGITO.


Bothaina Kamel, apresentadora de TV e ativista política, quer ser a primeira mulher a concorrer à presidência do Egito, segundo reportagem do The New York Times. Ter uma candidata é algo inédito para o país. Mas é uma novidade também ter eleições: nos últimos 30 anos, o Egito foi governado pelo regime ditatorial de Hosni Mubarak. Até houve uma eleição presidencial em 2005, mas ela não passou de um jogo de cena para perpetuar o poder do líder e, ao mesmo tempo, aquietar a oposição.
Com a queda de Mubarak, em fevereiro deste ano, os egípcios agora se preparam para escolher seus governantes e discutem o papel das mulheres na vida política do país. Elas foram às ruas protestar contra a ditadura e, agora, também querem participar do novo regime que, espera-se, seja mais democrático.
A candidatura de Bothaina Kamel desafia não só o passado de ditadura do país como também as vertentes mais conservadoras da cultura árabe. Para os partidos políticos mais tradicionais, as mulheres não devem participar da vida pública.
Mas Bothaina já está nela há tempos. Em 2005, ela e outras mulheres fundaram o Shayfeen.com, um grupo que monitora as eleições parlamentares no país. Ela é conhecida como  “a mulher que vale por uma centena de homens”. Nas passeatas, costumava servir de escudo humano para proteger os mais jovens de serem presos pela polícia.
Em 2006, tirou licença de seu trabalho como âncora de telejornal quando o controle do governo sobre a mídia se tornou pesado demais. Ela não queria ser obrigada a ler notícias que não refletiam a realidade e propagandeavam as visões do regime.
Mesmo depois da revolução, a mídia não é totalmente livre no Egito. Recentemente, Bothaina investigou a origem da imensa fortuna de Mubarak, mas a reportagem nunca foi ao ar. Os empresários sauditas da emissora em que ela trabalha ficaram com medo de expor a participação da Arábia Saudita no enriquecimento do ex-ditador.
Depois de anunciar a candidatura, Bothaina começou a viajar pelo Egito em campanha, cujo slogan é “Minha agenda é o Egito”. Ela não é ligada a nenhum partido político e tem pouquíssimas chances de vencer a eleição. Mas é jovem – tem 49 anos – e pode continuar a concorrer no futuro.
Mesmo que não vença,  a candidatura de Bothaina Kamel é um ganho para o Egito. Porque faz parte da redemocratização do país e quebra um domínio exclusivamente masculino na política 

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